Conheço muita gente que emigrou pelas mais diversas razões. No tempo dos nossos pais, era mais comum que pessoas com menos qualificações partissem em busca de melhores condições de vida. Actualmente, são mais os casos de pessoas especializadas e com Educação Superior que não têm oportunidades de trabalho no nosso país e que vão lá para fora tentar trabalhar na sua área. Claro que acabo sempre por conhecer um caso ou outro que fogem à regra, e até casos que não têm nada a ver, mas é bastante fácil de verificar que isto acontece.
No entanto, eu vejo que as pessoas que emigram, fazem-no (quase) sempre a idealizar que um dia irão ter as condições reunidas para voltar a Portugal. A fazer o que gostam, a ganhar mais do que ganhariam agora, com poder de compra para terem uma casa e uma vida estável no nosso país, na nossa nação. Ao fim e ao cabo, na nossa casa.
Depois existo eu... De certa forma, tenho uma grande componente emocional ligada a Portugal e, por isso, compreendo essa necessidade de voltar. Especialmente, quando se imagina uma família a longo prazo, em que queremos que os nossos filhos sejam próximos dos restantes membros da família e que tenham um percurso relacionado com o nosso. Mas, por outro lado, sinto-me profissionalmente castrada e penso que daqui a 15/20 anos o cenário não vai mudar assim tanto em termos de oportunidades na minha área. Não julgo que a Península Ibérica possa vir a ser um grande poço de tecnologia, inovação e desenvolvimento (espero estar enganada).
Às vezes, perguntam-me se é fácil arranjar trabalho em Portugal. A resposta é: sim, é. Há muitas empresas a contratar Engenheiros Biomédicos. Agora, se a pergunta for: consegues fazer o que gostas em Portugal? A resposta muda e passa a ser: é difícil. Nem vou falar da forma ridícula e desrespeitosa como os portugueses vêem a investigação fora das grandes empresas, simplesmente não há essa oportunidade. Empresas a trabalhar directamente na minha área? Muito poucas. No campo muito específico em que eu gostava? Nenhuma, talvez.
Então, porque é que eu não vou para fora? Tenho andado a tentar, mas nem lá fora é fácil. A diferença a que me referia em relação aos outros emigrantes é que, na maioria dos casos, eles reúnem condições monetárias para voltar. No meu caso, se eu ficar cá, vou tentar reunir condições de formação para sair. Cursos de línguas, formações específicas, quem sabe estudar mais (não para já, claro)...
O importante é não me conformar com o "assim assim", com o "é suficiente" que o nosso país me oferece. Para muitos, acredito que seja o ideal e ainda bem, mas se para mim não é, tenho de fazer o que está ao meu alcance para atingir os meus objectivos. Os objectivos mudam e adaptam-se às circunstâncias, mas simplesmente desistir e conformar-me com "qualquer coisa" não é para mim.
4 comentários:
Por aqui também não está fora de hipótese ir para fora trabalhar 😊
Emigrar está fora dos meus planos, para já. Não me imagino a viver longe da minha família, das minhas coisas, das rotinas familiares. Sou muito velha do restelo nessas coisas. Também penso sempre que prefiro ter menos dinheiro e viver na minha terra, do que ter mais mas perder uma série de coisas por estar longe de casa e da família. Não digo que nunca emigraria, mas não faz parte dos meus planos. Sozinha nunca iria, de certeza, mas já disse ao meu namorado que com ele iria sem olhar para trás, para qualquer lado. Se assim tiver que ser, será. Mas acho que é uma situação muito complicada e deve ser bem ponderada.
Quanto a ti, se não tens as oportunidades que procuras aqui, vai em frente! Se é o teu grande objetivo, deves correr atrás dele.
Eu contento-me com o assim-assim financeiro se o emocional estiver pleno!
Se é realmente o que queres tenho a certeza que vais conseguir!
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