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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

As saudades de Janeiro de 2017

Há pouco mais de um ano, escrevi este texto. Sentia-me insegura e, principalmente, burra. Eu, aluna de Mestrado sem conhecimentos, aceitei ir apresentar um poster sobre algo que estava a fazer há menos de 3 meses. Há exactamente um ano, escrevi um outro post, com uma versão diferente dos factos. Estava completamente fascinada com o que me rodeava, independentemente das minhas inseguranças... No final, acabou por correr tudo bem.
Lembrei-me de tudo isto porque, lá está, hoje faz um ano que fiz ski pela primeira vez (e única, até à data)! Foi também o dia em que me consegui cortar com o próprio ski na única vez em que caí... Cinco pontinhos e uma cicatriz circular para me relembrarem para sempre desse dia. Mas esse dia, felizmente, está associado a uma semana fantástica.
Para terem uma pequena noção do cenário que me rodeava, aqui ficam algumas fotos:

Na estância de ski (antes de me aperceber que tinha um corte gigantesco)

As típicas lojinhas das montanhas

Just another regular street

Vista da cozinha do chalet

Vista do meu quarto... para o lado direito 

Vista do meu quarto... para o lado esquerdo

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Ainda a tese...


Estou a dar em maluca. Não me consigo concentrar para fazer as partes que me faltam (conclusão, abstract e afins). O meu orientador não me corrigiu / comentou quase nada... E as correcções aos comentários dele parecem pequenas e nada de especial, mas deixam-me exausta. Posso mandar a tese para um sítio muito feio? Posso?? Obrigada.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Ainda das minhas diferenças em ir para fora

O presente post não serve para me explicar, continua a servir como um desabafo. As minhas queridas leitoras mencionaram o lado emocional e financeiro da emigração... E isto fez-me reflectir, uma vez mais, no assunto. De certa forma, estão os dois um bocado ligados... Eu sei que não parece, mas passo a explicar.
Condição nenhuma financeira paga os momentos que, muitas vezes, perdemos com as nossas pessoas. O grande problema é que, muitas vezes, perdemo-las no próprio país. Como já referi, o mais importante para mim nem é o dinheiro (aliás, se fosse, estaria a limpar escadas na Suíça, porque se ganha quatro vezes mais do que como engenheira aqui!), é mesmo o facto de estar a fazer algo de que gosto. Dentro de Portugal, a única opção para trabalhar na minha área (não no que gosto mesmo, mas na minha área - o que já é bom) seria em Lisboa ou talvez no Porto, o que implicaria estar fora de casa.
"Mas é perto, podes ir ao fim-de-semana, é fazível". Será que posso? Tenho amigas da minha zona a trabalhar e viver em Lisboa que raramente vêm a casa porque o dinheiro não estica. Na semana passada, questionei uma delas sobre o facto de não vir votar, e ela disse-me que simplesmente não dava para gastar esse dinheiro. Depois de pagar casa, comida e transportes, pouco sobrava. Eu sei que no meu caso seria diferente, a minha mãe ajudar-me-ia... Mas o ponto não é passarmos a ser independentes? Isto revolta-me no nosso país.
Como estava a dizer, a parte emocional, no meu caso, está muito associada à parte financeira também. Sabem porquê? O que eu gostava mesmo mesmo era de pegar nas malas e atravessar o oceano. Nos Estados Unidos, há IMENSAS oportunidades dentro do que eu gostava de fazer. Mas, infelizmente, isso faria com que fosse impossível vir passar um fim-de-semana a casa... Ninguém quer pagar 800€ para tal, só em estadias longas é que faz sentido. Recentemente, preenchi o formulário de candidatura a duas vagas, uma em Boston, outra em Baltimore (penso). Antes de submeter, fechei a janela... Não consegui. O Skype e os telefonemas ajudam muito quando a diferença horária é de 1 ou 2 horas. Mais do que isso, não funciona... É melhor do que nada, claro que sim, mas não é bom.
Estas questões nem se levantam apenas por mim (que, indo sozinha, teria de passar pelas desvantagens que isso implica). Sou filha única, a minha mãe está "sozinha" e eu sinto esse peso. Os meus avós estão velhos e já não me resta assim tanto tempo com eles. Os meus primos estão a crescer e eu não acompanho. O meu namorado que, por muito que eu diga e aconteça que sou forte e independente, me custaria deixar noutro país a um nível incalculável. E os meus amigos... Ai, os meus amigos. De cada vez que vejo fotos, planos e coisas mais íntimas, só eu sei como me dói.
Por isso é que a Europa Central (não me interesso tanto pelo Norte e pelo Este, mas não está totalmente de parte) seria o meio termo que me permitiria fazer algo de que gosto e ter o estado emocional mais equilibrado. Possivelmente, o financeiro até ficaria pior no meio desta história toda... Gastar dinheiro para vir ao fim-de-semana a casa (de vez em quando, também não é sempre!) não ajuda à conta poupança :P Mas, da minha perspectiva, seria mais feliz.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Das (minhas) diferenças de objectivos em ir para fora


Conheço muita gente que emigrou pelas mais diversas razões. No tempo dos nossos pais, era mais comum que pessoas com menos qualificações partissem em busca de melhores condições de vida. Actualmente, são mais os casos de pessoas especializadas e com Educação Superior que não têm oportunidades de trabalho no nosso país e que vão lá para fora tentar trabalhar na sua área. Claro que acabo sempre por conhecer um caso ou outro que fogem à regra, e até casos que não têm nada a ver, mas é bastante fácil de verificar que isto acontece.
No entanto, eu vejo que as pessoas que emigram, fazem-no (quase) sempre a idealizar que um dia irão ter as condições reunidas para voltar a Portugal. A fazer o que gostam, a ganhar mais do que ganhariam agora, com poder de compra para terem uma casa e uma vida estável no nosso país, na nossa nação. Ao fim e ao cabo, na nossa casa.
Depois existo eu... De certa forma, tenho uma grande componente emocional ligada a Portugal e, por isso, compreendo essa necessidade de voltar. Especialmente, quando se imagina uma família a longo prazo, em que queremos que os nossos filhos sejam próximos dos restantes membros da família e que tenham um percurso relacionado com o nosso. Mas, por outro lado, sinto-me profissionalmente castrada e penso que daqui a 15/20 anos o cenário não vai mudar assim tanto em termos de oportunidades na minha área. Não julgo que a Península Ibérica possa vir a ser um grande poço de tecnologia, inovação e desenvolvimento (espero estar enganada).
Às vezes, perguntam-me se é fácil arranjar trabalho em Portugal. A resposta é: sim, é. Há muitas empresas a contratar Engenheiros Biomédicos. Agora, se a pergunta for: consegues fazer o que gostas em Portugal? A resposta muda e passa a ser: é difícil. Nem vou falar da forma ridícula e desrespeitosa como os portugueses vêem a investigação fora das grandes empresas, simplesmente não há essa oportunidade. Empresas a trabalhar directamente na minha área? Muito poucas. No campo muito específico em que eu gostava? Nenhuma, talvez.
Então, porque é que eu não vou para fora? Tenho andado a tentar, mas nem lá fora é fácil. A diferença a que me referia em relação aos outros emigrantes é que, na maioria dos casos, eles reúnem condições monetárias para voltar. No meu caso, se eu ficar cá, vou tentar reunir condições de formação para sair. Cursos de línguas, formações específicas, quem sabe estudar mais (não para já, claro)...
O importante é não me conformar com o "assim assim", com o "é suficiente" que o nosso país me oferece. Para muitos, acredito que seja o ideal e ainda bem, mas se para mim não é, tenho de fazer o que está ao meu alcance para atingir os meus objectivos. Os objectivos mudam e adaptam-se às circunstâncias, mas simplesmente desistir e conformar-me com "qualquer coisa" não é para mim.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Devaneios de uma tese


É 1h da manhã (eii). Não tenho sono. Mas apetece-me ir para a cama só para não estar a criar figuras. Ora atentem nesta monotonia:

1. abrir os cortes axiais;
2. escolher aquele em que se vê melhor;
3. repetir os dois passos anteriores para os cortes coronais e sagitais;
4. voltar ao corte axial se já tiver gerado o que quero [caso contrário, deixar para depois];
6. cortar em cima (até aparecer 1400 pontos);
7. cortar do lado direito (até aparecer 206 pontos);
8. cortar em baixo (até aparecer 272 pontos);
9. copiar o corte axial para o adobe fireworks;
10. repetir os passos 5 a 9 para os cortes coronais e sagitais [nem me atrevo a escrever isto de novo];
11. reduzir os cortes coronais e sagitais para metade;
12. posicionar como nos mapas anteriores;
13. mudar as legendas das coordenadas de cada corte;
14. quando não se tem a certeza, voltar ao início e verificar se há que melhorar;
15. repetir tudo para o mapa seguinte;
16. cortar um bocadinho os pulsos em pensamento;
17. suspirar [este passo é intercalado com muitos outros, mas achei desnecessária a repetição].

Não vou contar quantas vezes tenho de repetir estes passinhos (do 1 ao 15), porque não quero chegar deprimir ao ponto de o 16 deixar de ser imaginário... Ain [passo 17 onde não era suposto].

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Ouçam as minhas preces


Minhas caras fadinhas da tese [seres imaginários que acabei de inventar],

Eu sei que, durante estes nove meses em Genebra, me apresentaram de tudo um pouco. No que diz respeito ao meu projecto em si, conseguiram que eu nunca parasse de insistir e persistir, mesmo quando o que mais me apetecia era saltar do barco e nadar para bem longe (ou deixar-me afogar, porque nadar também exige esforço). Conseguiram que eu me agarrasse a forças desconhecidas para me aguentar à boboca quando nada resultava... E no fim lá resultou.
Mas, minhas caras fadinhas... Vocês estão malucas??
Uma coisa é meterem-me a fritar a pipoca com linhas de código e afins. Outra muito diferente... É meterem-me a descrever imagens do cérebro. Vocês sabem quantas vezes é que eu chumbei a Anatomia?? SABEM?? Se não sabem, deviam saber, porque é um número muito feio de se enunciar no blogue (só a fiz no terceiro ano... em segunda fase... era suposto ter sido no primeiro ano... e é anatomia para totós... shhhh). Além disso, Deus provou-me que existe quando tirou a disciplina de Anatomia do meu Mestrado, no ano em que eu tinha de me inscrever. Se isto não é Deus a falar comigo, não sei que mais poderá ser (obrigada, meu caro!).
E agora... Depois de tudo... Vocês, fadinhas, obrigam-me a isto? Isto é tortura, just saying. Eu acho o cérebro super hiper mega fascinante, Neurociências é mesmo a aplicação que mais me fascina no meu curso. Mas... Mas... Descrever zonas do cérebro? Eu sei que nem é ao pormenor... Mas ainda assim... Isto dói-me por dentro.

Como eu sei que não podem fazer nada em relação a isto, podem ao menos tornar o processo mais rápido e menos doloroso, caras fadinhas?

Obrigada desde já pela vossa atenção. Agora não me lixem a vida.

Com amor,
i.

sábado, 15 de julho de 2017

Olá, sou eu, ainda te lembras de mim? (*)

Chamei "Lei da Inércia" a este blogue por um motivo. Abri este blogue tantas e tantas vezes nas últimas semanas, para depressa o voltar a fechar. O tempo escasseou para tudo o que queria ter feito nas últimas semanas na Suíça. Entretanto, já estou em Portugal há quase uma semana e também não tenho tido oportunidade de aqui passar, para escrever e para ler (que tão bem me faz).
Ficam então aqui umas palavrinhas, para saberem que estou viva, a tentar concentrar-me para escrever a tese, debaixo do calor fantástico do meu Alentejo (bendito ar-condicionado na sala! obrigada, mãe e avô). Vou dando notícias... Afinal de contas, uma pessoa tem sempre uns pensamentos meio vagos para partilhar.
Até lá:

(*) Ler ao som da música dos Tara Perdida.

Ai, minha nossa senhora do processamento de sinal

[se não querem ter pesadelos, não abram a imagem em formato maior]

Eu não queria poluir o meu blogue com coisas feias, mas quis partilhar a generalized total confusion (e não variation, como está escrito ali naquele título) que vai na minha cabeça.
Ah e tal, escrever uma tese não é assim tão complicado, afinal de contas, sabes o que fizeste... Pois, sim. Realmente, não sei se escrever é difícil... Dado que primeiro tenho de perceber por que ponta hei-de pegar nestas equações aterrorizadoras, que vão levar a outras equações ainda piores...
Ai, minha nossa senhora do processamento de sinal. Protege-me e guarda-me destas maldades.

domingo, 9 de abril de 2017

Olá, eu sou a i. e digo que quero ser investigadora. Lol.

Não se deixem enganar por pessoas sorridentes e felizes a fazer investigação. Só mentiras!

Esta semana que passou foi uma das piores desde que aqui cheguei. Acho que nunca me tinha sentido tão impotente e perdida... Depois de uma apresentação que me deixou muitíssimo nervosa (pensei que ia ser muito pior, ajudou o facto de me preparar com antecedência), experenciei momentos muito infelizes. Momentos de desespero, de impotência, de frustração. Momentos em que eu pensava o quão burra e estúpida sou. Tudo isto a juntar ao facto de o meu projecto estar super atrasado, ter chegado a um ponto em que tudo está a correr e mal e não temos a certeza de que o que vamos fazer a seguir resulte. Enfim... Foi depressivo e cansativo. Principalmente, porque tenho de fingir manter o optimismo em como tudo vai melhorar... Não vai.
Consigo entender totalmente a razão que leva as pessoas a desistirem de investigação e irem pentear macacos (isto para dizer que pentear macacos às vezes deve ser melhor). E o que sei eu do assunto? Sou uma mera estudante de Mestrado, com zero experiência na área... Imagino como é para quem lida diariamente com o assunto há anos. O pior? O pior é que mesmo dizendo e sabendo que o que estou a dizer é verdade, continuo a dizer que quero fazer investigação. Não sou psicóloga, mas algo não bate certo na minha cabecinha... Como é possível alguém gostar de algo que a faz sofrer e não se considerar masoquista? Que me perdoem os investigadores, mas eu só consigo explicar isto com um Complexo de Deus qualquer (lá estou eu outra vez a invocar coisas de que não percebo)... Ai e tal, somos tão bons, vamos fazer a ciência avançar, trazer algo de bom para a sociedade. Bullshit é que vamos. Vamos só ser deprimidos e frustrados durante, pelo menos, 80% dos nossos dias. Amém.

domingo, 15 de janeiro de 2017

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Update sobre estes dias


Estão a ver o post do desespero? Esqueçam tudo... Estou maravilhada! Não com a conferência (ups), em que ainda não tive a oportunidade de ver muitas palestras, mas com... Este sítio! A imagem acima não é da minha autoria, mas é desta vila e representa bastante bem o que me rodeia.
Estou completamente apaixonada pelo cenário... Têm de perceber, é a minha primeira vez num sítio assim. Como se não bastasse, ficámos num chalet fofinho que só ele, parece saído do tumblr. Como não ficar completamente de boca aberta?
Hoje foi dia de experimentar ski (mais uma vez, pela primeira vez na vida). Foi bastante engraçado, apesar da curta duração (só temos as manhãs). Gostei da sensação... Não consegui experimentar as pistas propriamente ditas, devido à falta de tempo, mas foi divertido. Confesso que estava cheia de medo, porque aqui não há pistas verdes... Mas com a presença de um instrutor, há aquele sentimento de segurança de que ele não vai deixar que nada corra mal.
Pois... Falsa segurança. Não que tenha sido culpa do instrutor (muito pelo contrário, ele foi super prestável e tratou de tudo com o médico e etc.). Ao que parece, os meus skis eram tão bons (não estou a brincar) que me cortaram quando caí. Não foi extremamente doloroso, dado que continuei sem me aperceber do que tinha acontecido... Mas resultou em 5 pontos no joelho e uma bela história para contar sobre "lembram-se de quando eu fiz ski pela primeira vez?". A minha mãe já fez piadas com o facto de eu adorar cicatrizes (e adoro!).
Coisas más à parte (porque eu estou tão encantada com isto, que nem consigo pensar nas coisas más), isto foi apenas o começo de uns maravilhosos dias... Os medos e as inseguranças continuam cá, mas vale muito a pena :)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Só me lembro da música da Rihanna (work, work, work, work, work, work...)

Depressões à parte, a minha vida anda uma ansiedade constante. Não tenho andado a trabalhar nada de jeito (e bem preciso!), mas não consigo deixar de pensar e de me preocupar com o assunto... Posto isto, vou terminar e começar o ano a trabalhar (nos outros anos era a estudar, vai dar ao mesmo). Será que isto é um sinal do que me espera em 2017?

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Então e como vai a minha vidinha?


Ontem à noite fui jantar fora. Isto não seria de espantar na minha vida há uns meses atrás, em que quase poderia fazê-lo dia sim / dia sim, mas as coisas mudaram de figura quando vim morar para a Suíça. Sou apenas uma mera estudante, com uma bolsa de "Erasmus" (mania da Suíça de ser especial, já nem ao Erasmus pertence) que nem dá para pagar o quarto na residência, quanto mais a comida milionária neste país... Well, deixemo-nos de dramas e lamentações. Estou aqui porque quero e não me arrependo. Choro um bocadinho quando penso nos preços de outros países, mas foi uma escolha com conhecimento de causa. Adiante.
Pois ontem foi o dia em que não só fui jantar fora, como foi por iniciativa minha. Estava deprimida depois de 10 horas no laboratório em que nada funcionava... E a última coisa que queria era chegar a casa e ter de cozinhar. Além de que precisava de animação, de algo diferente, não só das mesmas conversas do costume. Mandei uma mensagem à I, ela falou com o K e com uma amiga e lá fomos. Comemos e bebemos mesmo muito bem e voltei para casa bem mais feliz e despreocupada.
Hoje o dia vai ser dedicado à escrita da introdução e do state-of-the-art da minha tese. Nada aborrecido, não é? Bem que me parecia. Mas pronto, coisas que têm de ser feitas o mais depressa possível para voltar às minhas simulações... Que não estão a funcionar e é por isso que me deixam super deprimida durante 10 horas no lab. Fantástico.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Aves raras


Na residência onde estou a morar, 99% das pessoas que conheci estão a estudar Direito, Economia, Relações Internacionais ou Psicologia. Faz sentido, a minha residência fica bastante perto do edifício UniMail, onde todas estas faculdades estão localizadas.
Como tal, eu sou a ave rara com quem eles ficam fascinados. Primeiro, porque não estou a ter aulas e a fazer um estágio; depois, porque "Biomedical Engineering? Wow. Brain? Wow". É assim que alguns deles me apresentam aos amigos: "Ela é mesmo inteligente, é bioengenheira", e eu fico só à toa e balbucio coisas como "Pois, mas eu também acho a vossa área bastante interessante e é difícil para mim".
Foi assim que, surpreendentemente, conheci um rapaz de Engenharia Mecânica na sexta-feira passada. Como se não bastasse, está cá a fazer um estágio!! Tivemos uma conversa muito engraçada, porque ele não estava a perceber que eu estava na mesma posição que ele. Então, basicamente, ele estava numa de:

- Sou de Engenharia Mecânica, mas estou cá a fazer um estágio...
- A sério?? Onde?? (a minha cara iluminou-se de entusiasmo, o que ele confundiu com surpresa)
- Pois... Estou num centro de investigação... (ele estava a dizer a palavra "research" de uma forma estranha, então aí eu fiquei confusa)
- Como?! (cara de quem não percebe nada do assunto, o que serviu para o rapaz achar que eu não percebia mesmo do que ele estava a falar)

Até que percebi que era investigação e perguntei-lhe o que é que ele estava exactamente a fazer. O rapaz faz uma cara aterrorizada de quem se prepara para me explicar chinês:

- Pois... Estou a criar um software...
- Estás a criar um software? Cool. Mas como assim criar?
- Ok, não é exactamente um software... Ok, é... Mas não estou a criar, estou a usar para criar outras coisas... É o MATLAB, sabes?
- (ri-me) Claro que sei, uso o MATLAB todos os dias.

E foi aí que o rapaz se deu conta que eu percebia do que é que ele estava a falar. Não falámos muito mais sobre o assunto, estávamos a chegar aos nossos destinos, mas deu para perceber que há mais aves raras como eu e que o sentimento é geral.