segunda-feira, 31 de julho de 2017

Camone avec: c'est moi


Estamos no último dia de Julho, o que significa que amanhã entr'Agosto (já dizia o nosso rico Quim Barreiros). Eu, que sempre vivi na terrinha até aos 17 anos, habituei-me a ver mais gente nesta altura, que vinha a casa de férias. Nas terras maiores, vemos o oposto: a malta vai de férias e de repente está tudo vazio. Já na Santa Terrinha (e nas zonas de praia, mas não é disso que estamos a falar), o bom filho a casa torna, o que faz com que as aldeias fiquem muito mais movimentadas e animadas.
É então nesta altura que aquele flagelo de quem muita gente fala e faz piadas - os avec's - surge também. E quem são os avec's? Penso que toda a gente está ciente, mas nunca é demais relembrar que são os típicos emigras tugas, a trabalhar num país de língua francesa (França, Suíça ou Luxemburgo - é só escolher!), que vêm montados nos seus novos carros topo de gama para as férias na sua terra natal.
Oh, meus amigos! Eu estive nove meses na Suíça, vi-os com os meus próprios olhos. Na sua grande maioria, são tal e qual aquilo que nós descrevemos. Os filhos, já nascidos lá, são as Kátia e os Mikael desta vida (não esquecer os "k"). Vivem todos em comunidade e sabem onde está a loja portuguesa que vende o melhor bacalhau da terra. Enfim... O que já se sabe. E de facto chegam a Portugal e falam um português afrancesado, que falam. E misturam tudo. E dizem coisas que me fazem ter de controlar muito para não me rir. A primeira vez que ouvi o pai do meu namorado a dizer "epiçarias" em vez de "especiarias", quase me engasguei...
Porém, hoje, eu, i., amante da língua portuguesa, venho aqui defendê-los. Venho aqui defendê-los, porque já sei muito bem o que custa. Atenção: o meu conhecimento de francês é péssimo, aquele A1/A2, porque lá só falava inglês. Mesmo nas lojas, assim que viam que eu não me desenrascava, passavam para "do you speak english? yes? do you want a bag?", por isso não evoluí quase nada. No entanto, uma pessoa é bem educada, não é? "Bonjour", "merci" e "au revoir" não custam muito e habituei-me. No supermercado, com estas três expressões estava feito.
Resultado: cheguei a Portugal no Natal e, como boa tuga que sou, passei em Vendas Novas para comer uma bifana a caminho de casa. Assim que o empregado vem à mesa, saio-me com um "bonjour" que até ando de lado!! E não me digam "ah, mas com a tua mãe não falavas francês". Pois claro que não, mas a minha mãe é uma pessoa com quem NUNCA falei em francês... Agora o senhor empregado que chega à minha mesa é um desconhecido que me está a servir. Claro que quando chegaram as bifanas lhe disse "merci"... Já se estava mesmo a ver.
Isto não acaba aqui... Desde sentir confusão na rua por toda a gente à minha volta estar a falar português, a um sentimento estúpido de querer dar 3 (TRÊS!!!!) beijinhos às pessoas... Sinto de tudo. Já estou em Portugal há 20 dias e ainda tenho a sensação de ir ao terceiro beijinho (imagino que seja isto que as tias de Cascais sentiriam depois de uns meses só a dar-se com a plebe). Estou uma verdadeira avec e foram apenas 9 meses. Como se não bastasse, eu tenho uma agravante: o inglês do dia-a-dia no laboratório e na residência. Oh, meus amigos!! Eu só falava em inglês, só lia artigos científicos em inglês, só pesquisava no Google em inglês... Querem que eu pense nas coisas da minha área em português? Não dá. É um problema. Mais uma vez: eu criticava as pessoas que não conseguiam arranjar palavras na nossa língua tão incrível e iam buscar coisas inglesadas. Os Clã bem diziam que "Devia ser como no cinema / A língua inglesa fica sempre bem / E nunca atraiçoa ninguém" e é verdade.
Portanto, avec's do meu coração, eu apoio-vos (ou suporto-vos de tradução literal do inglês?) e defendo-vos. Pior do que vocês, estou eu, que sou uma camone avec. Rai's parta a miúda.

domingo, 30 de julho de 2017

Amizades desvanecidas

Falei recentemente sobre aquele sentimento de não nos identificarmos mais com alguém. Alguém que, durante muito tempo, foi uma pessoa importante. Uma das nossas pessoas. Isso dói... Dói muito de repente (ou não tão de repente quanto isso) percebermos que o que nos ligava - que julgávamos tão objectivo e eterno - já não existe.
Sabem o que é que também dói? Extrapolar isto para o que ainda não aconteceu, para o que ainda está por vir. Nós, portugueses, temos muito a tendência para sofrer por antecipação... É algo que julgo, principalmente quando fazemos disto uma constante, mas nem sempre é fácil de gerir e de evitar. Dou por mim a pensar nas minhas amizades, naquelas por quem tenho um carinho muito especial, que fazem parte de mim, de quem sou. Aquelas que me movem, que me fazem querer dar mais de mim, bem como estar lá para rir e para chorar... Enfim. Amizades dignas do termo. Penso nelas... E penso que, inevitavelmente, vamos acabar a pisar caminhos diferentes, a evoluir de formas muitas vezes opostas. Porque as experiências de vida nos moldam nesse sentido.
Normalmente, este tipo de coisas é compensado por momentos passados com as pessoas em questão... Com momentos tão simples quanto incríveis. E a coisa balança-se e lá se segue. Para o melhor e para o pior. O problema é quando isso não acontece... A coisa vai-se levando, que vai. Mas... Há um comentário com o qual não nos identificamos. Uma reacção que não percebemos. Uma atitude fora do normal para o que estávamos habituados. E chega a um ponto... Em que as pessoas importantes, especiais, que nos moviam e nos faziam querer dar mais de nós... São só pessoas normais de quem costumávamos gostar muito. O carinho fica. Mas é só isso.
E neste momento... Às 2h30 da manhã... Devia estar a escrever a tese ou a dormir. Mas estou genuinamente triste, com uma vontade parva de chorar, a sofrer por antecipação pelas leis da vida.

sábado, 15 de julho de 2017

Olá, sou eu, ainda te lembras de mim? (*)

Chamei "Lei da Inércia" a este blogue por um motivo. Abri este blogue tantas e tantas vezes nas últimas semanas, para depressa o voltar a fechar. O tempo escasseou para tudo o que queria ter feito nas últimas semanas na Suíça. Entretanto, já estou em Portugal há quase uma semana e também não tenho tido oportunidade de aqui passar, para escrever e para ler (que tão bem me faz).
Ficam então aqui umas palavrinhas, para saberem que estou viva, a tentar concentrar-me para escrever a tese, debaixo do calor fantástico do meu Alentejo (bendito ar-condicionado na sala! obrigada, mãe e avô). Vou dando notícias... Afinal de contas, uma pessoa tem sempre uns pensamentos meio vagos para partilhar.
Até lá:

(*) Ler ao som da música dos Tara Perdida.

Ai, minha nossa senhora do processamento de sinal

[se não querem ter pesadelos, não abram a imagem em formato maior]

Eu não queria poluir o meu blogue com coisas feias, mas quis partilhar a generalized total confusion (e não variation, como está escrito ali naquele título) que vai na minha cabeça.
Ah e tal, escrever uma tese não é assim tão complicado, afinal de contas, sabes o que fizeste... Pois, sim. Realmente, não sei se escrever é difícil... Dado que primeiro tenho de perceber por que ponta hei-de pegar nestas equações aterrorizadoras, que vão levar a outras equações ainda piores...
Ai, minha nossa senhora do processamento de sinal. Protege-me e guarda-me destas maldades.

domingo, 2 de julho de 2017

Atribuir nomes a pastas de resultados - um desafio

Aquele momento em que estou a ver um vídeo de uma aula para me ajudar a fazer o que preciso e o professor diz:
- Gravem numa pasta chamada "Analysis" e depois podem ter "Analysis1", "Analysis2" e por aí fora. Nunca gravem como "New_Analysis" porque o novo depressa fica velho e depois têm "New1", "New2", "New3"... E depois têm "Really_New", por isso evitem.
E eu ri-me. Muito. Se eles vissem os nomes das minhas pastas... Só para dar um exemplo, tenho uma pasta que termina em "ALL" porque introduzi todos os meus sujeitos. Depois, como tinha mais uma sessão que não estava à espera, a nova pasta passou a chamar-se "ALLALL" (para distinguir da que tinha todos os sujeitos, mas só de uma sessão). Agora que afinal tenho três sessões, há uma pasta que se chama "ALL123".
Conclusão: Atribuir nomes a pastas de resultados é sempre engraçado e nunca funciona na perfeição.