O meu estado actual, de ansiedade e stress, faz-me pensar demasiado na vida quando estou no autocarro. As minhas viagens passam-se entre ler um livro (ando demasiado cansada para isso), ligar à minha mãe (quando estou assim em modo rabugenta, em vez de falar com ela, reviro os olhos a tudo o que ela me diz e desligo) e mandar mensagens no facebook / whatsapp. Se nenhuma dela se verifica, facilmente me perco em pensamentos que podem ser de dois tipos: 1) profundos, sobre sentimentos, sobre a vida; 2) sobre tudo aquilo que tenho a fazer e não sei como e agora estou presa no autocarro e não posso fazer nada. Às vezes os dois tipos de pensamentos sobrepõem-se.
Hoje, houve um bocadinho de tudo. Não sei muito bem de onde, comecei a pensar no acto de conhecer uma pessoa. Seja no trabalho, numa saída, no ginásio, porque é amigo de amigo, na Internet... Enfim, não interessa. Conhecer. Não só aquele momento de "olá, sou a i., prazer em conhecer-te", mas todos os que se seguem. Tudo o que de facto te leva a consolidar o facto de realmente conheceres alguém, e não de teres visto apenas uma vez.
E no que é que eu pensei? Que somos frágeis em relação a isto. Se acabámos de conhecer a pessoa, que background é que temos para saber se tudo o que nos diz é verdade? Se for uma pessoa que nos cativa, de uma forma ou de outra, como é que temos a certeza que não estamos a ser atraídos por uma identidade falsa, por algo completamente vazio?
A resposta, meus amigos, é: não sabemos. Não sabemos, mas mesmo assim temos de confiar. Temos de acreditar que há pessoas boas neste mundo (por muito que seja difícil). Temos de acreditar quando nos dizem que têm um carro e um filho. Quando nos dizem que odeiam reggaeton e que adoram cheesecake. Claro que hoje em dia, com as redes sociais, há muitas coisas que nos saltam logo à vista... Mas a felicidade também pode ser fabricada.
Tudo isto para dizer que, por muito que nos protejamos, por muito que tenhamos dúvidas e razões para as ter, não nos podemos fechar no nosso mundo e viver sozinhos numa caverna. Afinal de contas, somos animais sociais... E, por muitas desilusões que tenhamos com as pessoas, vamos sempre ter mil coisas boas. (fala a pessoa que não acredita muito no bom lado das pessoas no geral)
2 comentários:
Somos seres frágeis nesse sentido. Estamos sempre expostos, de uma maneira ou de outra. Uns mais que outros, mas todos estamos à mercê do destino, dos outros, da vida. Quando conhecemos alguém, não há como saber se tudo é verdadeiro e vamos fazer um amigo para a vida ou se estamos a conhecer o nosso futuro assassino, sei lá. É uma situação muito delicada e em que nos colocamos completamente nas mãos do outro. E fazemos isto diariamente! Apesar de tudo, somos seres fortes que aguentam com desilusões, capazes de estabelecer relações, capazes de perceber (uns melhor que outros) o que temos à frente, etc. Este tema dava, realmente, uma dissertação :)
Sou como tu, penso imenso durante as minhas viagens de transportes. Quanto ao resto é mesmo como tu dizes, temos de confiar e de dar tempo ao tempo :)
Enviar um comentário