sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Tolerância à dor


Eu sou uma mariquinhas com algumas coisas. Assim de repente, acho que a pior coisa para mim é a temperatura. Queimo-me com tudo, seja com o toque ou a comer... Na minha opinião, isto deve-se ao facto de não estar suficientemente calejada. Se é mesmo isso ou se serei assim para sempre, não sei, é só uma teoria.
No entanto, assim no geral, até sou rija. A minha mãe diz que, se eu me queixo, é porque a coisa já deve estar mesmo grave... Se eu manifesto que quero ir ao médico, então já estou para morrer (digamos que, devido a demasiado anos de consultas, só lá vou à base de cedência). Mas eu sempre achei que ela exagerava...
Ontem ao almoço estava a contar aos meus colegas (que me conhecem há apenas 3 meses) que já fui remover os pontos. Perguntaram se me tinha doído, ao que eu respondi "opá, foi uma sensação estranha, mas nada de especial". Uma delas riu-se e disse que não dava para confiar na minha noção de dor, depois do que tinha acontecido... Isto porque eu cortei-me (e digamos que foi algo bastante profundo, a rapariga que estava comigo descreveu aos outros o estado da minha ferida e acho que só com uma visão totalmente exterior me apercebi que ok, não foi assim tão simples), mas encarei o assunto de uma forma bastante descontraída e descomplicada. Quando aconteceu, nunca deixei de andar, não precisei que me levassem de carro, almocei "como se nada fosse" à espera da hora da minha consulta, etc. etc. Depois do médico, não quis que interrompessem as vidas deles por minha causa, mandei toda a gente para a conferência, tomei banho (bem devagar), arranjei-me e fui para a conferência. Tal como em todos os outros dias. Quando as pessoas sabiam e me vinham perguntar, eu dizia "ah, não foi nada de especial... Foi só um corte. Consigo andar, consigo dormir, por isso está tudo bem". Portanto, agora percebo por que é que eles não confiam na minha noção de dor e de "está tudo bem".
Isto não significa que eu seja insensível, que não sou. A dor está lá, existe, mas a minha capacidade de ignorá-la e de continuar o meu dia-a-dia prevalece. É algo que chateia, que mói, que incomoda... Mas eu tendo sempre a pensar "não é nada de especial, já foi tão pior". Isto é bom e é mau... É bom, porque não gosto nada da sensação de incapacidade, mas é mau porque não sei definir limites.
Seja como for, este incidente não foi assim tão mau :P

4 comentários:

Anónimo disse...

Sou muito parecida :)

м disse...

Também sou rija! Posso até comentar que me dói aqui ou ali, mas nunca é numa de "ai jesus que não me aguento!". Quando era miúda, fui operada e não me podia mexer porque os pontos afetavam as pernas, logo não podia andar. Quando a minha mãe não estava a ver, lá me levantava e ia sozinha à casa de banho. Nunca fui "mariquinhas" nestas coisas.

S* disse...

Eu sou muito rija, até, nunca fico doente... mas morro de pavor de agulhas e da ideia de ser operada com anestesia local. Com geral não me importo. ahah

♥Cat disse...

Eu também tenho momentos. Por norma sou uma mariquinhas de primeira mas quando tem de ser tem de ser!