terça-feira, 26 de setembro de 2017

A diferença é uma coisa boa

Já aqui referi diversas vezes o assunto igualdade. Felizmente, é algo que está em permanente discussão na nossa sociedade e penso que caminhamos para um mundo melhor nesse sentido. Mesmo que, por vezes, não seja possível dar passos de gigante, muitos passinhos de bebé juntos também nos levam a algum lado.
No entanto, esta é uma luta que por vezes se torna perigosa. Recentemente, tivemos a proposta de separar géneros/sexos (nem sei) nos transportes públicos em Portugal. Claro que foi apenas uma deixa infeliz, não vale a pena pensarmos muito nisso, dado que a única forma de resolvermos um problema é irmos à sua raiz. Como diz uma das minhas amigas (e agora estamos sempre a usar este exemplo), colocar um pano por cima da mesa rachada para esconder que está quebrada não resolve nada.
O assunto que me moveu a escrever isto é de igualdade, sim, mas não das mulheres. Vi recentemente este vídeo sobre a Síndrome de Down e se, ao início, fiquei "ohh, pois é", no minuto a seguir a minha opinião mudou. Sim, o mote - que implica que estes indivíduos não precisam de necessidades especiais - está errado, a meu ver.
O final do vídeo explica que, no fundo, pessoas com esta condição genética apenas precisam de educação, trabalho, amizade e amor - tal como todos nós. Isto é absolutamente verdade e eu concordo, mas isso não significa que eles não precisam de adaptações especiais, mas adaptações e "desigualdades" que tenham uma conotação positiva e que lhes permitam ter, de facto, as mesmas oportunidades que as pessoas que não nasceram com esse problema.
De acordo com a página portuguesa da Wikipedia:
O progresso na aprendizagem é também tipicamente afectado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo ou estrabismo) e na audição.
Queremos mesmo defender que não há diferenças? Vamos integrar pessoas com Síndrome de Down em turmas normais sem nenhum apoio extra? Vamos fazê-los passar pelo mesmo processo de selecção de um emprego, sem os proteger das suas características naturais? Porque, desculpem, de facto são pessoas que nasceram com mais um cromossoma do que eu e que isso os afectou de diversas maneiras e não devem ser prejudicados por isso.
Dentro da mesma doença, haverá diferentes graus de gravidade e complexidade, mas isso já é outra história. Se as entidades competentes para o assunto os considerarem "normais" (não quero ferir a susceptibilidade de ninguém ao dizer normais, mas foi o que se arranjou), então qualquer "necessidade especial" deixa de fazer sentido.
É verdade que sou uma privilegiada, na medida em que nasci caucasiana, na Europa e, até ver, heterossexual. Os problemas de saúde que tive na vida não me influenciariam (penso) numa entrevista de emprego. A minha única "fraqueza" nestas questões da igualdade é que nasci mulher e isso ainda tem algum (muito) peso. Ainda assim, mesmo com estes "privilégios", tenho direito à minha opinião de que estamos a caminhar num piso muito sensível, no sentido em que qualquer coisinha inocente é considerada uma ofensa e um problema.
Se sou pela igualdade? Sim, sempre, mas sem esquecer as características individuais de cada um de nós. A diferença é uma coisa boa. Se for respeitada, claro.

2 comentários:

м disse...

Eu sou defensora da equidade. Queiramos ou não admitir, mulheres e homens são diferentes. Não para melhor ou para pior, apenas diferentes e com características próprias.Haverá quem fuja a esta "regra", já que nem todos podemos ser o estereótipo do que é feminino ou do que é masculino, como sabemos, mas as diferenças têm uma razão de ser. O mesmo para pessoas com deficiência, seja ela qual for. É muito lindo dizer que somos todos iguais, mas não somos. Quanto mais cedo aceitarmos isso, melhor! Propiciar condições e oportunidades para que todos possam ter e ser as mesmas coisas é diferente de acharmos que "quem é diferente" não precisa de ser tratado de forma diferente. Precisam sim. Não como coitadinhos, com pena, porque são inferiores, mas como pessoas que precisam de uma ajuda extra para poderem ser e ter o mesmo que todos os outros, se assim o desejarem.

S* disse...

Concordo contigo. A integração é muito importante, mas tem de ser estudada caso a caso.