domingo, 30 de julho de 2017

Amizades desvanecidas

Falei recentemente sobre aquele sentimento de não nos identificarmos mais com alguém. Alguém que, durante muito tempo, foi uma pessoa importante. Uma das nossas pessoas. Isso dói... Dói muito de repente (ou não tão de repente quanto isso) percebermos que o que nos ligava - que julgávamos tão objectivo e eterno - já não existe.
Sabem o que é que também dói? Extrapolar isto para o que ainda não aconteceu, para o que ainda está por vir. Nós, portugueses, temos muito a tendência para sofrer por antecipação... É algo que julgo, principalmente quando fazemos disto uma constante, mas nem sempre é fácil de gerir e de evitar. Dou por mim a pensar nas minhas amizades, naquelas por quem tenho um carinho muito especial, que fazem parte de mim, de quem sou. Aquelas que me movem, que me fazem querer dar mais de mim, bem como estar lá para rir e para chorar... Enfim. Amizades dignas do termo. Penso nelas... E penso que, inevitavelmente, vamos acabar a pisar caminhos diferentes, a evoluir de formas muitas vezes opostas. Porque as experiências de vida nos moldam nesse sentido.
Normalmente, este tipo de coisas é compensado por momentos passados com as pessoas em questão... Com momentos tão simples quanto incríveis. E a coisa balança-se e lá se segue. Para o melhor e para o pior. O problema é quando isso não acontece... A coisa vai-se levando, que vai. Mas... Há um comentário com o qual não nos identificamos. Uma reacção que não percebemos. Uma atitude fora do normal para o que estávamos habituados. E chega a um ponto... Em que as pessoas importantes, especiais, que nos moviam e nos faziam querer dar mais de nós... São só pessoas normais de quem costumávamos gostar muito. O carinho fica. Mas é só isso.
E neste momento... Às 2h30 da manhã... Devia estar a escrever a tese ou a dormir. Mas estou genuinamente triste, com uma vontade parva de chorar, a sofrer por antecipação pelas leis da vida.

3 comentários:

м disse...

Acredito que há amizades que se prolongam na vida, apenas não são imutáveis e, portanto, vamo-nos ajustando ao tempo e ao espaço. Tenho um amigo a quem permaneço muito próxima desde a escola primária, apesar de agora só nos vermos duas ou três vezes por ano. Aceitar estas diferentes fases da vida é que é difícil! Aceitar que as amizades não podem ser iguais do início ao fim. A vida é outra, os caminhos são diferentes, o tempo escasseia...
Acho que muitas amizades terminam precisamente porque as pessoas não se conseguem adaptar a novas formas de vida, tanto as suas como as dos outros. É estúpido pensar que podemos ter a mesma relação com alguém quando a vemos todos os dias ou quando passamos a vê-la uma vez por mês ou até menos. Há muita cobrança, muito "antes era assim". Depois, as pessoas também mudam e ainda bem! Eu não quero ser a mesma M. que era quando conheci este amigo porque era uma criança! Passamos por todas as fases até à idade adulta juntos. Depois cada um seguiu o seu caminho e é claro que isso tem efeitos na nossa forma de ser e estar. Mas também é um facto que, por vezes, as pessoas mudam para alguém completamente irreconhecível ou muito diferente daquilo com que nos identificávamos antes. Aí sim, a amizade pode romper-se.

Mas terminando este testamento... Acredito que há amizades que podem durar toda a vida, da mesma forma que acredito que há amizades que só existem numa certa fase da vida. Aceitar que aquele amigo não será para sempre é complicado,mas devemos pensar na parte boa que é enquanto dura. Depois faremos novos amigos, há sempre alguém que entra e fica, alguém que está só de passagem mas é bom enquanto dura... Let it go, baby! :)

C. disse...

Já tive umas "amizades" assim... infelizmente doi, mais numa de tristeza do que traição, até.

Beijinhos,
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Bonjour Marie disse...

Espero que já estejas melhor 😊