domingo, 29 de janeiro de 2017

Mãe

Aqui há dias, disse à minha mãe que, por muito que quisesse ir a Lyon com os meus colegas da residência neste fim-de-semana, era um pouco impossível. Isto porque - sem contar com o factor financeiro - tinha roupa por lavar, tralhas por arrumar, trabalho por fazer. Ao que a minha mãe responde:
- Mas vai! Traz a roupa, que a mãe lava. Vai!
Claro que não fui e estou aqui a rogar pragas por ter de organizar tudo (odeio ir à lavandaria). Mas a minha mãe vai ser sempre assim, a poupar-me no que puder. Mesmo que isso implicasse eu levar toda a minha roupa suja para um fim-de-semana em que tenho de ir para outro de país de avião.
Vantagens de ser filha única...

sábado, 28 de janeiro de 2017

No poupar é que está o ganho

Eu já referi n vezes neste blogue as diferenças nos meus gastos desde que me mudei para a Suíça. Ao início custou, era algo que me chateava. Ter de me conter muito mais do que aquilo a que estava habituada foi complicado, não nego... Mas entretanto habituei-me.
Além disso, agora que os gastos iniciais já passaram, as coisas não estão tão mal, por isso posso-me dar a um "luxo" ou outro de vez em quando. Mesmo assim, como me habituei, há coisas que nem me apetecem. Hoje olhei para uma montra com bolinhos deliciosos e nem me apeteceu entrar e acompanhar com um cappuccino (mas agora que estou a pensar a sério sobre o assunto, apetecia-me era agora).
Isto para dizer que, assim que começar a ganhar o meu dinheiro, vou ficar rica. Depois deste ano, em que me habituei a controlar os meus impulsos (ok, tem dias... as compras online continuam a ser o meu ponto fraco), o meu sentido de gestão vai-me permitir poupar uns trocos.
Ou é nisso que eu quero acreditar. Porque depois vejo-me com dinheiro no bolso, como é que vou conseguir resistir a malas e a sapatos? E a livros e a relógios? E a bolinhos e a cappuccinos? Seja como for, até ver, eu acredito.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

De volta aos livros


Adoro ler. É algo que me é intrínseco, desde que me lembro de ser gente. Possivelmente, é a actividade que mais me abstrai, que mais me faz esquecer tudo (mais do que séries e filmes, que também adoro). Entro de tal forma na vida das personagens, nos cenários, que a minha cabeça só se foca nisso.
Desde que entrei para a faculdade que o tempo para o fazer é escasso, restavam as férias. Mesmo assim, quando as mesmas implicavam "andar para cá e para lá" e um frenesim pegado, os livros eram mais deixados de lado...
aqui tinha falado de que agora aproveito para ler nos autocarros. Não é muito tempo por dia e só funciona quando vou sentada (em pé aos encontrões fico enjoada), mas já é o suficiente para eu voltar a ganhar aquele gostinho, aquela necessidade de saber o que se vai passar a seguir com as personagens, que cenários vou encontrar. E é tão bom!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Eu disse

Eu disse que, depois da tempestade passar, queria ir passar um fim-de-semana a Portugal para ter "férias" a sério. Quando lá estive, os afazeres e as responsabilidades sobrepuseram-se e não consegui aproveitar o tempo com as pessoas.
Mas depois voltei. Voltei e não pensei mais nisso. Porque tenho é de trabalhar, de despachar as coisas, etc. e tal. Hoje voltei a pensar no assunto, pesquisei vôos e a ideia formou-se. Mandei mensagem ao meu orientador (que está de férias) e estou à espera de um sim para marcar e pronto.
Ando desmotivada e aborrecida, pelo que uns dias sem a cabeça nisto me vão fazer bem. Eu sei de onde isto vem: o meu local de trabalho está completamente vazio e abandonado. Uns porque já acabaram os seus projectos, outros porque estão em exames... E eu aqui sozinha. Só penso em ir-me embora para casa, em sair daqui. De manhã não tenho motivação para vir para cá. Preciso de vida à minha volta, de barulho de fundo. Para estar sozinha no meu cantinho, prefiro estar em casa.
Basicamente, estou a descobrir que fora do meu local de trabalho, não me importo de estar sozinha: vaguear pelas ruas, ir às compras, fazer o jantar... Tranquilo. Já no que diz respeito a ser produtiva no meu trabalho diário: nop, não funciona.
Como temos de olhar para o lado positivo da coisa, a parte boa é que isso fez com que eu quisesse ir visitar a minha família. Em breve estarei a beber bicas e a comer pastéis de nata e biscoitos da minha terra. E queijadas de requeijão. Acho que preciso de açúcar...

Lisboa é... comida

As redes sociais servem para eu não me desligar totalmente do que se passa no meu país. Por um lado, com os amigos e os familiares mais próximos a postarem coisas sobre o seu dia-a-dia; por outro, com as notícias e as novidades dos jornais e canais televisivos.
Mas há uma coisa que me deixa sempre com muita vontade de ir a correr apanhar um avião para Lisboa: a comida. Como se não bastassem todos os sítios que queria ter experimentado e que fui deixando para depois (assim de repente, estou a lembrar-me do Moules&Beer, do Atalho Real, da Leitaria Lisboa), Lisboa agora é um sítio da moda, pelo que há sempre montes de coisas a abrir em locais fantásticos da cidade (o novo Topo, aquele novo sítio de coisas com chocolate).
Eu sou uma pessoa que adora fotos de comida apetitosa. Se for em sítios bonitos daquela cidade, então ainda melhor. Vai daí e é ver-me a sofrer e a salivar para o telemóvel. Tanto jantar, tanto brunch, tanto café por tomar...

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Indecisões...

Ando há uma vida à procura do nécessaire ideal. Encontrei um que gostei na Victoria's Secret quando estava nos Estados Unidos e não o comprei por achar caro. Afinal, não era assim tão caro... Eu é que não estava ciente dos preços praticados. O mesmo tipo de produto, da mesma marca, mas na Europa... Isso sim, já é mais carote.
Agora, mesmo que arranje um substituto, estou indecisa entre dois grandes tipos:

1) Este abre-se e pendura-se e eu queria algo deste género.

2) Já este, com as duas bolsas, permite separar facilmente maquilhagem e produtos de higiene vários.

Algo que me sugiram?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Tolerância à dor


Eu sou uma mariquinhas com algumas coisas. Assim de repente, acho que a pior coisa para mim é a temperatura. Queimo-me com tudo, seja com o toque ou a comer... Na minha opinião, isto deve-se ao facto de não estar suficientemente calejada. Se é mesmo isso ou se serei assim para sempre, não sei, é só uma teoria.
No entanto, assim no geral, até sou rija. A minha mãe diz que, se eu me queixo, é porque a coisa já deve estar mesmo grave... Se eu manifesto que quero ir ao médico, então já estou para morrer (digamos que, devido a demasiado anos de consultas, só lá vou à base de cedência). Mas eu sempre achei que ela exagerava...
Ontem ao almoço estava a contar aos meus colegas (que me conhecem há apenas 3 meses) que já fui remover os pontos. Perguntaram se me tinha doído, ao que eu respondi "opá, foi uma sensação estranha, mas nada de especial". Uma delas riu-se e disse que não dava para confiar na minha noção de dor, depois do que tinha acontecido... Isto porque eu cortei-me (e digamos que foi algo bastante profundo, a rapariga que estava comigo descreveu aos outros o estado da minha ferida e acho que só com uma visão totalmente exterior me apercebi que ok, não foi assim tão simples), mas encarei o assunto de uma forma bastante descontraída e descomplicada. Quando aconteceu, nunca deixei de andar, não precisei que me levassem de carro, almocei "como se nada fosse" à espera da hora da minha consulta, etc. etc. Depois do médico, não quis que interrompessem as vidas deles por minha causa, mandei toda a gente para a conferência, tomei banho (bem devagar), arranjei-me e fui para a conferência. Tal como em todos os outros dias. Quando as pessoas sabiam e me vinham perguntar, eu dizia "ah, não foi nada de especial... Foi só um corte. Consigo andar, consigo dormir, por isso está tudo bem". Portanto, agora percebo por que é que eles não confiam na minha noção de dor e de "está tudo bem".
Isto não significa que eu seja insensível, que não sou. A dor está lá, existe, mas a minha capacidade de ignorá-la e de continuar o meu dia-a-dia prevalece. É algo que chateia, que mói, que incomoda... Mas eu tendo sempre a pensar "não é nada de especial, já foi tão pior". Isto é bom e é mau... É bom, porque não gosto nada da sensação de incapacidade, mas é mau porque não sei definir limites.
Seja como for, este incidente não foi assim tão mau :P

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Carta aberta ao meu namorado

Meu amor (até me parece errado começar assim, mas é a força do hábito),

Antes de mais, quero pedir-te desculpa pelo método. Sempre disse que algo assim seria feito o mais pessoal e intimamente possível, mas os actos sobrepuseram-se, e nada daquilo em que eu acreditava antes continua a fazer sentido. Além disso, sabes que me explico melhor a escrever... E evitas os meus dramas e choro. Perfeito para toda a gente, ein?

Quero também pedir-te desculpa por ter caído na tentação. Não fazia parte dos meus planos, nunca fez... Muito honestamente, nunca pensei que isto iria acabar assim. Nunca disse "nunca trairei", mas achava muito pouco provável. Não faz parte da pessoa quem eu sou e daquilo em que acredito. Mas a verdade é que aconteceu... Aconteceu e eu não te posso dizer "por favor perdoa-me, foi um erro, não vai voltar a acontecer". Seria mentir-te, enganar-te e fazer-te sofrer ainda mais.

Mas posso dizer-te que começou por acaso, não foi premeditado. Sei que agora parece despropositado dizer que há coisas que tinham de acontecer, mas é o que sinto... Não que eu quisesse acabar com a nossa relação, não que eu não te amasse. Só Deus sabe o que eu dei e o que eu lutei por nós. Mas sabes aquela coisa que dizem, sobre o momento certo à hora certa? Foi isso que nos aconteceu...

Sinto que te mereço uma explicação. Estamos juntos desde ontem, eu e ele... Encontrámo-nos, houve como que uma espécie de atracção que não consigo explicar por palavras, e viemos juntos. Eu senti que ele tinha de vir comigo para casa. E veio. Não se passou nada de especial, até depois de jantar... Foi nessa altura que aconteceu. E se já tinha sentido aquela atracção antes... Passou a mais, a desejo, a necessidade de estarmos juntos...

Vou-te poupar a pormenores, mas, se me amas, respeita-me e segue em frente. Sinto uma felicidade que há muito não sentia... Ele faz-me feliz de uma forma inexplicavelmente maravilhosa. Sinto-me grata de o ter descoberto e sei que a minha vida será diferente de agora em diante. Nunca mais irei conseguir viver sem ele... O meu coração agora pertence ao Toblerone de côco.

Não mais tua,
i.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Ponto sem retorno


Eu costumava ser uma miúda pouco friorenta. Não só em criança (claro que as crianças não têm frio, com tanta energia para gastar e coisas divertidas em que pensar), mas também em adolescente. Muito raramente usava cachecóis... Luvas e gorros? Jamais. As luvas por não me darem jeito, os gorros por achar que me ficavam mal... Mas a verdade é que nunca senti falta.
Até que comecei a usar cachecóis, por serem lindos e fofinhos. A partir daí, nunca mais consegui deixar de usar (no Inverno, claro). Sinto-me despida, desprotegida e com frio sem eles... É impressionante.
Luvas e gorros continuaram de parte... Até sentir o frio cortante do verdadeiro Norte (ok, há pior, mas ainda assim... muito mais frio do que em Portugal). Muito honestamente, mesmo aqui, não sentia grande necessidade de gorros... O cabelo protege-me as orelhas. Mas, por pressão psicológica, comecei a usar há coisa de um mês e tal.
E hoje foi o dia em que saí à rua sem gorro (por esquecimento) e ia morrendo de frio. Parece que vou pelo mesmo caminho de habituação... Por isso lá terei de comprar mais um gorro ou dois, para condizer com os outfits (que pena, não é?).

domingo, 15 de janeiro de 2017

Buhhh!!


Quem quer voltar ao trabalho e à vida real amanhã?? Eu não, certamente... :(

E começou o Inverno


Eu sei que há países muito piores no que a isto diz respeito, mas ainda não me habituei a esta coisa de ter sempre as máximas negativas. Não que passe frio, não é nada que um casaco e umas botas não resolvam, mas ainda assim... O branco lá fora, por muito bonito que seja, aumenta a minha vontade de ficar quentinha por casa enquanto posso.
E foi isso que fiz hoje. Permiti-me a ter um day off, o que não acontecia há para aí dois meses. Estive na cama a ver Modern Family. Assim, em dois dias, papei a segunda temporada toda (acho que vou começar a terceira). Tenho 1001 tralhas por arrumar, mas não o quero e não o vou fazer. Amanhã é outro dia. E por falar em amanhã, é quando voltarei à rotina suíça, de ir para o lab, fritar no lab, voltar do lab, etc. e tal. Mas hoje... Hoje sou eu e a minha cama. E a cozinha, se não quiser passar fome.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Update sobre estes dias


Estão a ver o post do desespero? Esqueçam tudo... Estou maravilhada! Não com a conferência (ups), em que ainda não tive a oportunidade de ver muitas palestras, mas com... Este sítio! A imagem acima não é da minha autoria, mas é desta vila e representa bastante bem o que me rodeia.
Estou completamente apaixonada pelo cenário... Têm de perceber, é a minha primeira vez num sítio assim. Como se não bastasse, ficámos num chalet fofinho que só ele, parece saído do tumblr. Como não ficar completamente de boca aberta?
Hoje foi dia de experimentar ski (mais uma vez, pela primeira vez na vida). Foi bastante engraçado, apesar da curta duração (só temos as manhãs). Gostei da sensação... Não consegui experimentar as pistas propriamente ditas, devido à falta de tempo, mas foi divertido. Confesso que estava cheia de medo, porque aqui não há pistas verdes... Mas com a presença de um instrutor, há aquele sentimento de segurança de que ele não vai deixar que nada corra mal.
Pois... Falsa segurança. Não que tenha sido culpa do instrutor (muito pelo contrário, ele foi super prestável e tratou de tudo com o médico e etc.). Ao que parece, os meus skis eram tão bons (não estou a brincar) que me cortaram quando caí. Não foi extremamente doloroso, dado que continuei sem me aperceber do que tinha acontecido... Mas resultou em 5 pontos no joelho e uma bela história para contar sobre "lembram-se de quando eu fiz ski pela primeira vez?". A minha mãe já fez piadas com o facto de eu adorar cicatrizes (e adoro!).
Coisas más à parte (porque eu estou tão encantada com isto, que nem consigo pensar nas coisas más), isto foi apenas o começo de uns maravilhosos dias... Os medos e as inseguranças continuam cá, mas vale muito a pena :)

sábado, 7 de janeiro de 2017

Agora já falamos doutra maneira

Quando o espanhol que me disse que eu não sabia falar a sua língua por causa dos s's me diz que eu devia ser espanhola. Ri-me.

Sevilla... que tiene un color especial :)

Agarrar as oportunidades

Amanhã parto para uma conferência e não podia estar mais devastada por pensar nisso. É a minha primeira conferência a sério e, como estudante de Mestrado que sou e com uma experiência muito limitada em investigação, fui completamente estúpida em ter querido ir. Mas o que é que eu sei da vida para ir lá apresentar um poster? Nada. Além disso, estou completamente de rastos do stress dos últimos dias e da viagem que acabou hoje, o que não ajuda à minha disposição. Para finalizar, é de referir que estou a deprimir a pensar no dinheiro que vou gastar nas montanhas... E no quanto me vou partir toda a experimentar ski. Esta é a i. a ver o copo meio vazio. Ou melhor, vazio de todo, que isto é uma depressão pegada...
Mas também a existe a i. que sabe o que é o copo meio cheio. Daqui a uma semana, quando tudo já estiver pelas costas, se calhar o copo até vai estar cheio a transbordar. Eu posso ser uma falhada, mas a verdade é que ninguém (sem ser eu) se vai importar assim tanto com isso. Além disso, foi uma oportunidade incrível (em vários sentidos) que me foi dada, por que é que eu haveria de dizer que não? Sim, sou uma criança totó neste meio, mas todos eles já o foram um dia. Sim, vou-me espetar a fazer ski, mas vou ter pela primeira vez a chance de experimentar e de ver paisagens lindas. Sim, vou gastar muito dinheiro, mas não vou ficar a passar fome para o compensar. Se falhar redondamente em tudo durante estes dias, tentarei ser feliz a fazê-lo.
Eu tenho este problema, de pensar demasiado nas coisas. Para não me limitar, às vezes simplesmente tomo decisões nas quais só penso depois... Foi o caso. Mas já dizia a música, se nunca tentares, nunca saberás, não é assim? As oportunidades são para serem aproveitadas, não para ficarem presas a um "what if".

Porque foi o que me bastou para dizer "sim, claro que quero ir!".

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Trago o Alentejo na voz


Nascida e criada no interior do Alentejo, portadora de um belo sotaque transitório (não demasiado carregado e que muda consoante o meu interlocutor), orgulho-me bastante das minhas raízes. Teve as suas desvantagens e limitações durante o meu crescimento, mas as vantagens são infinitas... Sou portuguesa, adoro a outra cidade que me acolheu durante os últimos anos, estou a adorar morar fora do nosso país, mas acima de tudo sou e sempre serei alentejana.
Com estas características, não é de estranhar que o cante alentejano sempre tenha feito parte da minha cultura. Como algo bastante enraizado, em que não se pensa muito... Em certos acontecimentos e festinhas, sabemos que os grupos corais vão actuar. E, o mais certo, é que com uns copitos de vinho, não sejam precisos profissionais. Cresci com as mais variadas modinhas, umas que toda a gente conhece de Norte a Sul (como a "Fui colher uma romã, a "Dá-me uma gotinha de água", e por aí fora), outras mais típicas cá da zona (como a "Quinta-feira de Ascensão", tornada célebre devido ao Zambujo).
Foi assim que acompanhei com surpresa e alegria a candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade e a respectiva atribuição. Claro que foi um orgulho, claro que nos deixou a todos de peito inchado. Ainda assim, confesso que o excesso de vaidade e de espalhafato que se gerou à volta do assunto às vezes irritava-me... Lamento.
Mas agora... Agora é diferente. Agora, esteja onde estiver, ouvir aquelas vozes traz arrepios e nostalgia. Mesmo que esteja em Portugal, com a iminência da partida... Já o sentia em Lisboa porque, afinal de contas, a nossa terra é a nossa terra. Mas agora... Agora é diferente.
Portugal é o país da saudade, com o fado como símbolo máximo. Mas digo-vos: o cante alentejano não lhe fica atrás. Às vezes, faz-me muito lembrar Alberto Caeiro e a sua vida no campo, devido às descrições... No entanto, muitas vezes também refere ao alentejano que tem de ir embora, mas que vai sempre ter saudade. Não que pondere voltar, mas o nosso Alentejo é o nosso Alentejo. Percebo que isto não faça o menor sentido para quem ouve de fora, mas acreditem: o sentimento está lá.
Parto amanhã (hoje). É a primeira vez que venho e volto. A primeira de muitas, espero. Não é fácil, voltei a relembrar-me da minha zona de conforto que estava bastante no fundo da memória... Ainda para mais, a beleza do meu Alentejo (e de Portugal no geral) não tem preço, mas tenho também todo um mundo lá fora... Ao qual eu quero pertencer.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A verdade crua e dura

A minha mãe gosta de me stressar (só pode) e esta tarde veio perguntar-me:
- Mas com o trabalho que tens para fazer, achas que tens tempo de ir jantar com o teu avô?
- Se ele morresse, teria tempo de ir ao funeral.
Claro que já me deu razão. Arranjamos tempo quando as pessoas estão doentes, quando morrem... Mas celebrar a vida já é menos importante. Isto é aplicável a todas as outras situações, pois normalmente tomamos tudo como garantido... As coisas amanhã vão lá estar, para quê preocuparmo-nos e dar valor? Pois, errado.

Parabéns, avô!!

Hoje o único homem da casa faz anos. 81, para ser mais precisa. Há uns dias perguntaram-me se os meus avós estavam no lar... Ao que eu respondi um enérgico "Não!". Não por ser uma ofensa mas porque, conhecendo a "raça", isso ainda não faria o menor sentido. 81 anos em cima e sai todos os dias de casa (não há festas nem feriados) para ir trabalhar no duro, seja no campo, seja em burocracias... Ninguém engana aquele homem! Esperto que só ele. Claro que tem os seus defeitos (e são muitos, cada vez mais), mas hoje é dia de valorizar a vida. A vida de alguém em que eu muito me orgulho, que nasceu sem nada e que conseguiu prosperar, devido ao fruto do trabalho. O meu pai costumava dizer que eu, quando nasci, tinha a cara do meu avô e as mãos deste... Que estavam fechadas, por ele ser "agarrado" ao dinheiro. Que seja, mas hoje vai-me pagar o jantarinho! Claro que hoje em dia já não há necessidade e ele podia estar quietinho a gozar do que trabalhou uma vida toda, mas não podia ter uma inspiração maior para saber que sem trabalho, nada se tem.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Mães e namoradas, uma comparação

Do alto dos meus 23 anos, ainda com muito por aprender, já vivi o bastante para tirar certas  e determinadas conclusões. Toda a gente sabe que os pais (em particular, as mães) gostam muito de nos criticar e de nos apontar os defeitos. Até podemos ter conseguido algo excepcional, mas vai sempre haver ali qualquer coisinha para nos "moerem" o juízo. Mas pronto, somos filhos deles, e amam-nos incondicionalmente... Por isso, por muito que eles se chateiem connosco, ai de quem nos apontar um dedo! Quando são os outros a dizer, já não gostam. Porque eles é que sabem, eles é que nos criaram. Mesmo que o que estão a apontar seja verdade.
As relações são um bocado como os filhos. De facto, não são? Investimos tempo e sentimentos (e dinheiro!), cuidamos e fazemos com que cresçam. Se calhar é por isso que está relacionado... Porque passa-se o mesmo: nós podemos dizer mal dos nossos namorados. Que eles são isto e aquilo, porque agiram desta ou daquela maneira. E as pessoas à nossa volta podem dizer "pois, sim, tens razão". O problema é quando são as outras pessoas a tomar a iniciativa de questionar as atitudes do nosso namorado ou a viabilidade da nossa relação. Por muito que seja verdade, nós é que estamos por dentro e é que sabemos! Mesmo que saibamos que têm razão, pensamos que ninguém tem nada a ver com isso. E é verdade, cada um sabe de si e Deus sabe de todos, mas às vezes as pessoas querem ajudar-nos... (outras vezes é por pura maldade e para se meterem na vida dos outros, mas nem é disso que falo)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A história de uma paixão desencontrada

Bimba y Lola

As mais lindas histórias de amor vêm sempre de paixões proibidas. Envolvem sacrifícios e provações sem fim. Da minha parte, gostava muito de lhes provar o quanto lhes quero bem, gostava que eles soubessem que eu faria de tudo para sermos felizes juntos. Infelizmente, na vida real, o amor não chega... Fica a história de um amor impossível, que podia ter resultado numa bonita relação se a vida assim o permitisse.

Quero ser linda com make-up


Eu bem disse que queria mudar esta vida de desleixada com a maquilhagem. Devido à falta de produtos, o primeiro passo já foi tomado e gastei uma pequena fortuna na Sephora (o que é normal, dado que adquiri uns 6 ou 7 produtos)... Agora falta o investimento de tempo para aprender a aplicar certas coisas como deve ser (e de manhã, porque continuo a achar que é uma perda de tempo).

domingo, 1 de janeiro de 2017

Sentimental q.b.

Durante anos da minha vida, o ritual de Ano Novo imediatamente pós-meia-noite era ligar para a minha mãe e, logo de seguida, para o meu pai. Breves minutos após a meia-noite, liguei para a minha mãe e, logo de seguida, durante uma breve fracção de segundo, formou-se na minha mente o pensamento automático "e agora vou ligar para o pai". E tem sido assim desde 2010, o ano em que ele morreu. Não há nenhuma destas passagens de ano em que não aconteça essa incrível fracção de segundo em que a minha mente me encaminha para uma chamada impossível de realizar.
Mas não é só nesse momento de cada Ano Novo que o meu pai ressuscita e se torna quase sobrenaturalmente presente. O outro é este: o lendário Concerto de Ano Novo, transmitido em directo de Viena pela RTP, todos os anos. Isto para mim é como o Natal ele próprio - desde miúdo, altura em que seria natural achar que uma hora de concerto de orquestra na TV era uma seca, que o Concerto de Ano Novo é um ritual incontornável, que juntava à volta da TV a família toda, algures entre o amor pela música e o amor pelas raízes austríacas. Entre a quase chamada telefónica da meia-noite e o lendário concerto das 10 e meia, 1 de Janeiro é claramente o dia em que o meu pai prova que há vida após a morte. Para mim, ele está aqui, em cada nota musical destas peças clássicas que ele amava e conhecia ao detalhe, em cada paisagem de Viena, em cada pormenor do nobre salão do Musikverein. Ele nunca esteve nesta minha casa, mas enquanto o Concerto de Ano Novo decorre, é como se ele estivesse aqui neste sofá.
Bom ano, pai!

Li este post do Nuno Markl e as lágrimas vieram-me instantaneamente aos olhos (ainda que de forma controlada). Revi-me, porque durante muito tempo tive o mesmo instinto de pegar no telefone e ser suposto ligar-lhe. Cheguei ao ridículo de estar ao telemóvel, o telefone de casa tocar à "hora habitual" e eu dizer "tenho de desligar, o meu pai está a ligar-me", para depois cair no choque.
Ontem à noite, a sair da terra do meu pai quase às 2h da manhã, pensei em tanta, mas tanta coisa... Pensei em como nunca tinha passado uma noite de passagem de ano com ele (desde que tenho idade para me lembrar), porque o ritual era passar o dia a seguir. Pensei nas noites de Natal mais felizes que tive, ao seu lado... Pensei que ele não tinha vivido o bastante para estar presente em situações extremamente banais na vida das pessoas, mas que são importantes. Não viu a festa de casamento do meu primo ontem (de quem ele tanto gostava) e tantas outras. Não me viu a tirar a carta (pensei nisto porque vinha a conduzir), não me viu a entrar na faculdade. Será que as minhas escolhas seriam iguais? Não posso deixar de me questionar sobre o meu caminho, caso ele estivesse presente... Certamente não seria igual igual, porque as minhas vivências iriam ser diferentes. Nunca irei saber, mas que diferença me faz? Tal como o pai do Markl está presente nas notas musicais do concerto de Ano Novo, o meu estava ontem à noite comigo.

Balanços de uma noite de ano novo

Hoje doem-me as pernas dos saltos altos. Não tive uma festa de passagem de ano convencional, e no tipo de evento que tive não me fazia sentido levar outro tipo de sapatos... Podia ter levado uns para trocar, mas não os tenho e não ia comprar de propósito.
Durante a noite de ontem, tive (demasiado) tempo para pensar no que quero e no que não quero. Não por ser passagem de ano, apenas porque se revelou o ambiente apropriado para tal... Há situações em que tenho de impor mais a minha vontade, para o bem e para o mal.
Divagações à parte, a descrição de uma Avenida dos Aliados caótica por parte dos meus amigos e namorado até me fez tremer. Sou nova, mas eu não tenho paciência para estas cantigas... Só me levou a concluir o que eu já sabia: passagens de ano caseirinhas, em boa companhia, são muito mais a minha praia. Mesmo que nos vistamos a rigor (ou não, indiferente!), o ambiente é bom para nos animarmos e pôr a conversa em dia. Assim na loucura, ir a uma festa, sim... Mas em que não leve encontrões, está bem? (e depois não querem que eu diga que estou velha...)

... and a Happy New Year!